quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vamos a Bebadroski?





Já faz alguns anos que meu primo Mauricio insiste na busca pela origem de nossa família. E depois de pelo menos 10 anos de encontros e desencontros, conseguimos nos dedicar a isso, inclusive para que pudéssemos obter nossa cidadania europeia.

Tenho que reconhecer, fui menos assíduo do que meu primo nesse processo. O Mauricio é o grande responsável em encontrar os documentos de nossas mães, procurar parentes que tinham os documentos da família, mas não queriam ser achados, fazer a pesquisa da cidade natal de nossos avós e bisavós. Foi sua verdadeira caça ao tesouro.

Mas, como toda caminhada, tivemos alguns problemas. Em um deles só o acaso poderia resolver. E foi isso que aconteceu.

Antes de tudo, preciso posicioná-lo, amigo leitor, em uma versão resumida de tudo o que aconteceu. Minha família é de ascendência húngara. Meus bisavós chegaram ao Brasil em 1927, com 3 de seus 4 filhos (uma delas nasceria aqui no Brasil).

Porém um dos grandes problemas são as transcrições errôneas de nomes e cidades de origem desses nossos familiares. Ainda pra piorar toda a situação, a Hungria perdeu a primeira guerra e cedeu espaço de seu território à Sérvia, Croácia, Romênia, Tchecoslováquia e União Sovietica. Enfim, o processo é longo e bem complicado, praticamente um quebra-cabeças.

E o que quer dizer Bebadroski? Se você não sabe, não tem problema nenhum, porque nem o Google sabe. Na busca pelos documentos, minha tia liga e diz que a cidade de meu avô era Bebadroski. O comentário azedo, não meu dessa vez, inevitável:

- Só se você estiver Bebadroski!

Pior de tudo é saber que a carteira de estrangeiro do vovô tinha mesmo como cidade natal: Bebadroski! E quem acha agora a tal da cidade? Graças à ajuda de um grande amigo no consulado húngaro, o Gabor, o mistério foi desvendado. Em uma busca quase surreal, eu, o Mauricio e o Gabor passamos uma manhã inteira procurando em um livro cidades que tinha pronúncia parecida com a tal Bebadroski. Nada...

Algumas semanas depois, nosso amigo Gabor, em um almoço, nos sugere que talvez Bebadroskifosse uma abreviação. Imagine a cena, um escrivão registrando os imigrantes que acabaram de desembarcar do navio, falando húngaro. Era de se esperar que se escrevesse qualquer coisa no documento.

E não é que o deus Gabor da imigração hungaresa estava certo. Bebadroski poderia ser B. Badroski! Mais uma manhã de café e busca no livro das cidades da Hungria. Encontramos uma cidade chamada Batinjani Podborski. B. Podborski? Era possível.

Um telefonema e contratamos um despachante na Hungria, que rodou 700 Km para verificar no cartório da cidadela se lá estava o meu avô. E em um vilarejo de incríveis 8 casas, descobrimos onde a família Kerekes teve seu segundo filho. Estava desvendado nosso mistério.

Ainda não sabemos se temos parentes na Hungria nem se todas as casas existem. Mas em julho já combinamos: temos que visitar lugar tão escondido e peculiar. E aí, vamos a Bebadroski?

Batinjani Podborski - 2012


Minha bisavó Rozalia, Minha tia avó Barbara e meu bisavô Sandor Kerekes






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