sábado, 26 de janeiro de 2013

Histórias de Kikovina

Quem me conhece sabe que eu sou alucinado pelos animais, o amor que eu tenho por essas criaturas é maior do que eu tenho por muita gente.

Ter um animal de estimação – eu só tive cães até hoje – é ter um membro da família em sua casa, com a seguinte diferença: eles não brigam, não te julgam, serão fiéis a você todo o tempo. E eles sabem quando a gente precisa de um carinho, mesmo antes de nós mesmos.

Amigo leitor, você que lê meus textos já deve ter visto essa foto aí de cima na capa do meu blog. Hoje alguém me perguntou se essa é minha cachorrinha. Essa era a Kika, foi minha melhor amiga de 2000 a 2006. Será difícil terminar este post sem chorar (muito), mas vale a lembrança das histórias dessa figurinha preta e branca.

Em um domingo do ano 2000, apareceu na minha porta um cachorrinho marrom. Minha mãe que também ama os animais o alimentou e notou que a bichinha (já havíamos descoberto que era uma menina) estava morrendo de frio. Dona Rosa não teve dúvida, mandou o cachorro pro chuveiro, e aí que descobrimos, era branca a vira- latinha.

E não é que essa figura já começou aprontando? Me mordeu, rosnou pro meu outro cachorro, o Flipper, e fugiu pela casa. E foi demitida de seu lar postiço.

Depois de três dias, reaparece a bichinha na porta. Fazia frio, e a chuva cortante também cortou nossos corações. Não tivemos dúvida, ela teve sua segunda chance. Foi o melhor presente de nossas vidas. Kika ganhou um nome e 6 anos de amor.

Algumas histórias da Kikovina ainda não me saem da cabeça quando vejo algum cachorro preto e branco. Como a do dia em que meus pais chegaram do supermercado com o almoço comprado. Bastou um deslize de minha mãe e aquelas 300 g de pernil ao molho voaram da mesa. A malhadinha pegou no ar, deve ter agradecido a todos os cachorros do céu por aquele presente. Passou o domingo mais feliz de sua vida.

Ou ainda em um dia em que a enchente na rua adentrou a garagem de casa. E o cachorro havia desaparecido. Triste surpresa ao vê-la nadando tranquilamente no meio da água barrenta. Minha mãe quase enfartou, mas até hoje morremos de rir.

Essa baixinha, fã de Teletubbies (sim, ela adorava), ficava louca quando as visitas de casa sentavam em seu sofá. E quantas e quantas noites ela fez companhia a meu pai, em suas intermináveis jornadas de entrega de ternos de casamento.

Em 2006 Kika nos deixou. A branquinha teve sopro, doença que aumenta o coração de tamanho. O músculo foi prejudicando sua traqueia, sua respiração tornou-se pior a cada dia, até que no dia 22 de abril nos disse “até logo”. Não sem antes passar algumas horas em todos os cômodos da casa e me esperar da volta do trabalho para morrer.

Segundo minha mãe, eu fiquei atônito, só lembro de não ter conseguido estacionar o carro na garagem de casa naquela noite. E antes que eu chore mais do que já estou, até gostaria de postar mais fotos, mas infelizmente só tenho essa, e a lembrança de ver seu corpinho encaixado entre minha cama de solteiro e a parede todas as noites. Na verdade, acho que ainda ela está lá.







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