Sou fã de tecnologia. Sou sócio de uma empresa de projetos especiais e tecnologia. Adoro esses videogames ultramodernos, esses tablets de tamanhos variados e esses supercomputadores. Mas fui criança no final dos anos 80, meus passatempos variavam entre o futebol da rua, carrinhos de rolimã, meu Ferrorama (que resiste no fundo de um armário) e os jogos de tabuleiro Estrela, meus preferidos, com certeza.
Jogos de tabuleiro existem desde a antiguidade, porém se popularizaram na Europa durante a Revolução Industrial. Durante o inverno, era comum ver famílias reunidas em casa, em torno de uma mesa, abrigadas do frio e do ócio. Esse tipo de divertimento ainda é muito popular nesse continente, por mais que os jogos eletrônicos tenham evoluído nessas últimas décadas.
Em agosto fiz uma viagem a Miami e, em companhia do Maurício, meu primo, decidi procurar o que um desses sites de venda pela internet recomendava como favorito. Vimos que um dos produtos mais vendidos era um jogo chamado Ticket to Ride. O nome é significativo, de peso. E o jogo não decepciona nem um pouco.
Em um tabuleiro com o mapa dos Estados Unidos (depois surgiram outras variações de mapas: Europa, Países Nórdicos, Ásia etc.), as cidades são ligadas por várias rotas de trem, de cores e tamanhos diferentes.
O objetivo do jogo é cumprir as rotas definidas em cartas que possuem origem e destino, que são distribuídas ao acaso para cada um desses jogadores. As rotas coloridas devem ser tomadas com o descarte de cartas de jogo, nas mesmas cores da rota. Assim, por exemplo, se o trecho de Miami a New Orleans tem 6 trilhos vermelhos, o jogador deve juntar 6 cartas vermelhas para completar tal trajeto. Vence quem faz mais pontos, obtidos na tomada de rotas e no cumprimento dos destinos.
Após a chegada ao Brasil, reunimos muitos amigos, em diferentes ocasiões, para campeonatos disputadíssimos de Ticket to Ride. O descanso da tarde nas atividades da empresa transformava-se sempre em uma partidinha, ou 2, ou mais.
E fã de tecnologia que somos, descobrimos a incrível versão do jogo de trenzinho pra tablets, em que podíamos jogar em qualquer lugar, com tabuleiros, cartas e trens todos virtuais, com linda apresentação! Porém foi a coisa mais sem graça do mundo: fria, solitária, quieta. E descobrimos que temos no tabuleiro algo poderoso: a companhia, a conversa, o companheirismo e a emoção de se estar com os amigos.